Não só o jornalismo brasileiro, como também todas nós, perdemos hoje Glória Maria, um exemplo a ser visitado, destrinchado e, por que não, “copiado”?
Glória foi a primeira pessoa negra a conquistar espaço diante das câmeras no telejornalismo brasileiro. Ela se mostrava e impunha sua personalidade única.
Cobriu guerras. Coragem não lhe faltava.
Fumou maconha diante das câmeras. Mergulhava de cabeça em cada trabalho e projeto que fazia.
Foi a primeira profissional a entrar ao vivo no Jornal Nacional em cores, em 1977. Nessa ocasião, não tinha luz programada. Foi iluminada por um farol de carro. Isso demonstra muito jogo de cintura. Ela não deixava “a peteca cair”.
Conheceu mais de 100 países. Aberta para o novo, era curiosa pela vida.
Entrevistou celebridades como Freddie Mercury, Michael Jackson e Mick Jagger. Seu desenvolvimento profissional e pessoal proporcionou inúmeras surpresas ao longo da vida.
Foi a primeira pessoa a usar a Lei Afonso Arinos no Brasil, em 1988, após ser vítima de racismo. Recorreu às leis e foi decisiva em suas convicções e lutas em prol de um bem maior. Um exemplo.
Manteve sua vida amorosa longe dos holofotes. Protegia seus interesses e vontades.
Nunca contou sua idade. Em entrevista, disse: “enquanto as pessoas estão preocupadas com a minha idade, elas vão despencando e eu vou ficando cada vez mais inteira”.
Adotou Laura e Maria, ainda crianças, em junho de 2009, após visitar a Organização de Auxílio Fraterno em Salvador.
Viveu a vida como quis e bem entendeu.
Era livre, perseguia seus sonhos, protegia sua intimidade e se divertia muito.
Uma doença a levou, mas tenho certeza que ela viveu com muita intensidade, como deve ser.