As coisas que nos acontecem podem servir para informar e cuidarmos para que não aconteçam às outras pessoas.
De repente, senti que perdia absolutamente tudo que havia construído durante quatro anos. Primeiramente o conteúdo – que considero o que há de mais valioso dentro do “O Caminho do Encontro” – e, na sequência, a relação com as minhas seguidoras.
Vou relatar o que houve. Acompanhando tudo que estava acontecendo na Ucrânia, postei no Instagram um vídeo de um discurso de Putin e me posicionei em relação ao que aquilo significava pois, após dois anos de pandemia e com tudo o que havíamos aprendido no século XX, quais seria o custo de se ter novamente uma guerra mundial. No mesmo dia da postagem, recebi uma mensagem com um link pedindo-me a gentileza de revisar meu conteúdo, pois havia alguma coisa não permitida pela plataforma. Como a mensagem tinha o logotipo do Instagram e era um texto recebido por direct, me preocupei e quis saber o que havia no link daquele texto para entender o que precisava ser feito e reaver o Instagram do “Caminho” pois, segundo a mensagem, após 24 horas, a conta ficaria fora do ar. Imediatamente, excluí a postagem, pensando ser esse o motivo pelo qual o Instagram teria “se irritado”, mas na verdade, a mensagem não havia sido enviada pela rede social.
No dia seguinte, eu não tinha mais acesso à minha conta. Tudo já estava bloqueado, eu não podia mais acessar meu perfil via usuário, via e-mail ou celular, pois minha conta havia sido hackeada. Entrei em contato via WhatsApp com as pessoas da Turquia que me hackearam, advogados e um “hacker do bem”, – que eu não sabia que existia. Pensar que há exatamente dois anos, em um evento do “Dia da Mulher” na Livraria Cultura, o mundo para mim, – como para o resto das pessoas -, nos dizia: “O presencial acabou e vamos ter que entrar em um mundo virtual, até que a pandemia passe.”
O importante para dizer aqui é: não dependa de uma plataforma, não dependa do mundo virtual, porque a vida não está aí; principalmente para aquelas pessoas que trabalham, trazem conteúdo ou algo para compartilhar com muitos seguidores. Nós não somos nosso Instagram. Você é você com seu conteúdo em qualquer parte do mundo, seja em seu Portal, no Facebook, Instagram, Telegram, Newsletter… o que for, mas o contato que se tem através do Instagram, – porque isso é uma realidade hoje -, é a forma mais direta para as pessoas que buscam conexão, informação e entretenimento.
Existem três possíveis portas para que um hacker entre em seu Instagram, e no Brasil as mais usadas são duas. A primeira é hackeando seu celular e a segunda é enviando de alguma forma, um link que, ao clicar, esse hacker tem acesso à sua conta ou ao seu mundo virtual. No meu caso, meu celular não havia sido hackeado, mas supostamente naquela primeira mensagem do Instagram, havia um link e ele foi a porta de entrada.
Dicas importantes: o Instagram só se comunica com os usuários – ou perfis -, via WhatsApp ou via e-mail. Jamais será enviado uma mensagem por direct ou por alguma outra forma de comunicação. Por isso, quando você cria uma conta no Instagram, é solicitado um e-mail ou um número de celular.
Os hackers são experts, normalmente você vê o logotipo e o nome da plataforma que eles entraram, mas de forma sutil, – em alguma parte no endereço desse e-mail -, pode haver alguma letra ou número alterado. Passe o mouse sobre o endereço do remetente do e-mail para confirmar que realmente a palavra Instagram esteja escrita corretamente, pois a informação que eles enviam está tão bem-feita.
Supondo que eles tenham entrado no seu Instageam, rapidamente tente comunicar-se via e-mail ou celular pessoal, – que são as duas outras portas de acesso para o aplicativo – e notifique-o sobre o que está acontecendo – no meu caso, o hacker já havia mudado o e-mail registrado na conta “O caminho do Encontro” e alterado o celular de contato. O Instagram fornecerá um passo-a-passo para que você comprove, sem autenticação, que é o verdadeiro dono da conta, através de um vídeo seu. Caso você possua uma conta comercial, tenha desde já nessa conta uma foto sua, onde apareça somente seu rosto para que o robô possa identificá-la, pois caso tenha em seu canal convidadas, fotos com rostos de outras pessoas, mesmo que você grave um vídeo de frente, esquerda, direita, em cima ou embaixo, ele não identificará – no meu caso foi preciso enviar seis vídeos diferentes para que o robô reconhecesse.
O hacker não está interessado no seu perfil, mas quer algum dado da sua conta bancária ou cartão de crédito para roubar dinheiro, através de um pagamento antiético, em condições e cenário que podem causar um dano muito maior. No meu caso, ele exigia o pagamento de um determinado valor para “devolver” a conta, que poderia ser pago via Bitcoin, PayPal ou através de uma conta na Turquia. A sensação que você tem é de estar sofrendo um sequestro virtual, uma forma muito complexa de sequestro, em que você se questiona sobre as regras, as pautas, a parte ética e legal, o esforço, a tecnologia e, sobretudo, a questão impessoal de você não ter com quem se comunicar e resolver de forma mais personalizada.
A sensação de impotência diante da demora no processo é enorme. O Instagram e o Facebook não têm nenhuma responsabilidade legal em “devolver” o conteúdo ou seus seguidores. A única responsabilidade é devolver o usuário, e daí a importância de se fazer um backup semanal.
Existem delegacias especializadas em “crimes cibernéticos”. O Boletim de Ocorrência possui a validade de 6 meses e, em caso de utilização do cartão de crédito pelo hacker, deverá ser apresentado no banco para se obter o ressarcimento do valor. Somente o Facebook possui escritório físico no Brasil, mas assuntos do Instagram também podem ser tratados lá, por fazerem parte da mesma holding.
Quando você for escolher uma senha, ela deve ser segura, única para cada plataforma, contendo o máximo de dígitos permitido, mesclada com caracteres, letras maiúsculas e minúsculas. O Instagram sugere a autenticação de dois fatores através do mecanismo de segurança “Google Authenticator”, que gera um código de verificação a cada 4 minutos. Esses procedimentos de segurança não garantem 100% de proteção, mas há uma chance muito maior de um hacker optar por invadir uma conta mais vulnerável.
Tudo está no nosso celular e precisamos nos adaptar a cada nova modalidade de crime virtual.
“Manual de Prevenção Contra Ataque Hacker no Instagram” – preencha abaixo para fazer o download do manual completo!