Você já parou para pensar nos seus critérios de escolha para as suas relações?
A escolha de nossos amigos, colegas, amores, tem uma razão e em uma resposta rápida poderíamos dizer que são os valores que norteiam nossas escolhas. Afinal, o que pode ser mais profundo do que isso?
Fato é que, com o passar do tempo, ainda que nossos valores permaneçam intactos, nossas relações podem precisar de um reset.
A chegada de cada ano de vida nos lapida, nos ensina, nos estica, nos faz seguir crescendo – afinal, não é à toa que ‘envelhecer’ em inglês se traduz como growing old.
O processo de envelhecimento traz implícito a possibilidade de crescimento, mas será que estamos dispostos a seguir crescendo?
Crescer traz desconforto. Crescer dói. Crescer dá trabalho.
O que tenho aprendido tanto na teoria com meus estudos, quanto na prática, com as minhas Mentorandas é que, se nos primeiros 50 anos da nossa biografia parece ser fundamental construir, acumular, adicionar, realizar, demonstrar, na segunda metade vida se queremos seguir crescendo de forma leve e autoral, o verbo mais importante passa a ser o “escolher”.
Elas relatam ser libertador o sentimento ao realizar essa curadoria de si, que envolve uma reflexão profunda sobre o que faz sentido manter (ou renovar) nesta atual etapa da vida: crenças, gostos, posses, amigos e amores.
Amizades que faziam sentido em um determinado momento de vida, podem não fazer mais. Uma casa grande para receber família e amigos quando os filhos eram menores, agora talvez não seja mais necessária. Um trabalho que era pouco gratificante, mas que pagava as contas, talvez não seja mais essencial. Um relacionamento que não teve ‘elasticidade’ para acomodar a pessoa na qual você se transformou, talvez tenha chegado em seu limite máximo.
E não há nada de errado com isso.
A diferença entre estar com pessoas e projetos afins ou não, pode significar florescer ou murchar, encolher ou crescer, se encaixar ou transbordar.
Estudos mostram que ter uma rede de afetos com afinidades, tem impacto direto na sua qualidade de vida, no seu humor e especialmente na sua felicidade.
Importante lembrar que afinidade não significa evitar as diferenças e conviver apenas com pessoas semelhantes em gostos e sentimentos. Podemos ter um círculo diverso de amigos ou sermos totalmente diferentes de noss@ parceir@, mas nos conectamos por razões mais profundas.
Mais importante do que identificar o que nos aproxima ou nos afasta de outras pessoas, é entender o porquê gostamos ou não de algo.
Escutando um podcast com a Esther Perel, a incrível psicoterapeuta belga (sou fã!), ela afirma que gostar das mesmas coisas ou ter interesses pelos mesmos temas não nos torna pessoas afins. O que realmente gera afinidade são as razões pelas quais apreciamos algo – e não o objeto de interesse em si. Podemos gostar de um filme, entretanto por razões totalmente diferentes. Para Esther, a verdadeira afinidade é ter razões semelhantes para gostar ou se interessar por temas que podem ser totalmente diferentes. O “porque” gostamos, é muito mais relevante do que o “que gostamos”. Ela ainda afirma com todas as letras que a qualidade de nossas relações determina a qualidade de nossas vidas, já que elas podem criar imensa felicidade ou trazer dores profundas.
Então te convido a fazer essa reflexão: você tem atualizado sua rede de afetos de acordo com o seu momento de vida? Você tem se cercado de pessoas afins, onde existe ajuda mútua nessa jornada de crescimento?
Candice Pomi
Psicóloga, Pesquisadora e Especialista em Longevidade
Fundadora do @Beyond.Age Mentoria e Consultoria para a Longevidade