“No jogo de sedução que se estabeleceu, não era importante quem seduzia ou quem era seduzido. Não havia vencedor ou vencido, mas duas pessoas que estavam cara a cara e que aprendiam a se conhecer. Começava uma longa abordagem amorosa que reivindicava tempo, paciência e o prazer de uma sublime gradação feita de espertezas e descaminhos.
Conversar era a arte de ser feliz junto. Era passear sem saber aonde levavam os caminhos. E essa era a época em que falar e escrever eram uma coisa só. Esse novo modo de vida o Imperador também queria para si. E, conversando, Luísa sabia ser maliciosa, indulgente e educativa ao mesmo tempo. Ela trazia Paris para o Rio de Janeiro. Transportava as Tulherias para São Cristóvão. Tal como descrito nos romances da primeira metade do século XIX, o encontro entre a condessa e o Imperador não foi uma paixão fulminante, e sim um reconhecimento.
Cada qual iria significar para o outro um desejo profundamente arraigado. Não uma aventura. Estavam prontos a se reconhecer porque tinham sonhado com a imagem que faziam um do outro. Nessa época, o ideal precedia a realidade. Luísa e Pedro se achavam prontos para essa viagem. Nasceu entre eles, além da estima e do respeito mútuo, uma simpatia particular, uma preferência inexplicável, uma comunidade de ideias, uma semelhança de atitudes que fazia desse encontro aquele das almas gêmeas. Foi o choque de duas pessoas que simplesmente se adotaram.”
240 páginas – Editora Pausa