Quando os primeiros casos de coronavírus começaram a surgir no Brasil, tiveram início no consultório os relatos de manifestações cutâneas que poderiam estar ligadas à doença.
Em todo o mundo, médicos e pesquisadores descreviam, em diversos periódicos científicos, casos de diferentes tipos de erupções na pele entre pacientes com COVID-19 nos pés, mãos, tronco e boca. A dúvida entre os especialistas era se, realmente, os episódios estariam associados ao SARS-CoV-2.
As manifestações levantavam suspeitas pelo natural desconhecimento do novo vírus e suas consequências no organismo. Isso porque várias infecções virais, por exemplo, podem desencadear uma erupção cutânea. O uso de medicamentos também pode gerar uma reação adversa. Outro fato que intrigava os médicos eram os diferentes tipos de lesões.
Diante desse fato, tentando afastar outras causas que não a viral, pesquisadores italianos realizaram um levantamento de casos com pacientes internados com COVID-19. Foram excluídos aqueles que haviam recebido novos medicamentos nas duas semanas anteriores ao diagnóstico.
Os médicos observaram que 20% dos casos apresentavam alterações cutâneas especialmente no tronco, como exantema maculopapuloso (erupção com área avermelhada), lesões urticariformes difusas (lesões avermelhadas e levemente inchadas) e vesículas varicela-símiles (bolinhas vermelhas), sendo lesões pouco pruriginosas, ou seja, que não causavam muita coceira. Não houve, porém, correlação entre essas lesões cutâneas e a gravidade da doença.
Entretanto, situações consideradas mais graves, como casos de livedo reticular transitório, acrocianose e gangrena foram associados à progressão da doença e ao estado de hipercoagulabilidade, com o risco de formação excessiva de coágulos sanguíneos e microtromboses em múltiplos órgãos, incluindo a pele.
Além das alterações cutâneas causadas pela COVID-19, muito se discutiu no início da pandemia sobre as alterações cutâneas observadas nos profissionais de saúde devido à utilização prolongada dos equipamentos de proteção individual e à necessidade contínua de lavagem das mãos ou uso de álcool 70%.
As manifestações dermatológicas mais descritas entre os profissionais de saúde incluem prurido, eczema, macerações e fissuras nas mãos e nas regiões da face sujeitas à pressão da máscara, como dorso nasal e regiões maxilar e retroauricular. Casos de intertrigo nas mãos também têm sido relatados.
A prevenção dessas alterações inclui a secagem correta das mãos, uso de hidratantes, mudança periódica dos pontos de apoio da máscara e uso de curativos não adesivos de silicone ou hidrocoloide nos pontos de maior pressão. O tratamento inclui corticosteroides tópicos, imunomoduladores e antifúngicos tópicos.
O uso das máscaras de pano também gera reações adversas como acne e dermatites, pois a pele fica mais sensível e oleosa. O ambiente abafado, com respiração e liberação da saliva, é mais propício para a proliferação bacteriana. Uma medida importante é manter a higienização, de manhã e à noite, com sabonetes específicos para acne. O uso de um secativo com antibiótico também é possível, sendo fundamental manter o uso diário do protetor solar. Já para as dermatites, que podem ocorrer pelo contato com o tecido ou com a umidade da saliva ácida, o cuidado principal é manter higinização com sabonete para peles sensíveis, usar creme calmante ou água termal e o filtro solar. Hoje e sempre, proteger a pele é proteger a saúde.