Candice Pomi, nossa mais nova colunista, esteve comigo em um bate bato pra lá de interessante!
Ambas começaram falando sobre a rede de afetos, pilar profundo e relevante para se tratar e viver mais plenamente.
Nessa fase da vida, mais do que em qualquer outra, as pessoas que compartilhamos essa experiência tão rica que é existir, têm de estar conectadas com a nossa essência.
Para isso, temos que saber o que queremos para poder escolher com quem queremos seguir, sem culpa por essas escolhas.
Investir nosso tempo em relações que não fazem mais parte de nossas escolhas é não dar valor a esse tempo, tão precioso.
Não somos mais as mesmas que há 1 ano. Tudo muda e as escolhas também.
Não se trata de sermos egoístas, mas leais com a nossa existência.
A vida muda, as escolhas são mutáveis e essa perspectiva transforma tudo.
Na maturidade, sabemos que a vida é repleta de transições,
Aquilo que não muda, muitas vezes, nos traz segurança. Mas tudo muda e sabemos ainda mais que, na maturidade, a vida é repleta de transições.
Traçando um paralelo com eletrocardiograma, quando temos picos, tudo está ok. Quando o coração está estável, significa morte.
Para seguirmos escolhendo, quanto maior poder de adaptação e flexibilidade, principalmente nas relações afetivas, melhor.
Se as pessoas não evoluem juntas, estradas diferentes são criadas, assim como pontos divergentes.
O segredo é a adaptabilidade e querer o novo para si.
Quando acreditamos que o casal que formamos é eterno, o “para sempre”, sempre é diferente. Não que seja necessária uma separação, mas a vida se transforma ao longo do tempo e as expectativas também.
Pensar em uma vida longa com alguém, de modo saudável e satisfatório, implica estar com uma pessoa, ou pessoas, que possamos ter conversas termômetros.
Não é comum compartilhar objetivos. Muitas vezes, em um relacionamento, ocorre uma divergência por falta de comunicação.
Para exemplificar: enquanto um está pensando em realizar o caminho de Santiago de Compostela, o outro está querendo viver em uma cidade calma do interior. Mas ambos não se comunicaram.
Essa falta de troca de expectativas e sonhos causa desconforto e surpresa. Duas pessoas que se relacionam, mas não conversam.
Perguntas como: “Está tudo bem?”, “Como você se sente?”, são fundamentais para a construção de uma relação onde há troca.
Temos que perguntar, incluir, consultar, dividir, compartilhar.
Ter coragem de se comunicar.
Frida Kahlo falava que não tinha se incomodado com a infidelidade do seu marido, mas com a falta de lealdade. Talvez se ele tivesse contado a ela sobre as suas insatisfações, ela poderia ter feito alguma coisa e os dois pudessem ter vivido outra história.
Esse é um conceito importante.
O segredo talvez seja ter um bom diálogo, com capacidade de escuta e conversa. Com desejo de ser consultada e consultar o outro.
Em uma relação desgastada não existe isso. Muitas vezes temos medo de perguntar porque temos medo de ouvir aquilo que não queremos escutar.
A estabilidade é confortável porque protege as mudanças, mas são as mudanças e transições que trazem evolução.
Na maturidade temos que colocar à prova nosso quociente de transição.
Devemos, por experiência, antecipar essa mudança.
Não existe zona de conforto.
Quanto maior a rigidez, maior a possibilidade de quebrar.
A pandemia trouxe ainda mais essa falta de certeza.
Colocar metas mensuráveis curtas, reais e concretas, principalmente na parte emocional, é possível e muito transformador.
As mulheres, geralmente, buscam a conversa, mas nem todos os homens estão dispostos ao diálogo.
Em um relacionamento “piloto automático”, existe alguma coisa que nos faz permanecer, por não imaginarmos estar em outros lugares.
Mulheres costumam ter medo de sair dessa zona, mas mesmo assim, são elas que buscam a maioria dos retiros e grupos de autoconhecimento.
Casais que não tem afinidades, no final da vida vivem uma tortura.
Devemos aproveitar a possibilidade da escolha.
Na evolução há sempre mudanças.
Talvez o que nos amedronta mais é falar sim para uma coisa e não para outras.
Mas o poder de escolha implica na responsabilidade dessas escolhas e muitas vezes somos produto da escola do outro, mesmo que inconscientemente.
Pessoas dizem que as amizades são construídas nas três primeiras décadas da vida. Isso é uma falácia destrutiva.
Ao longo de nossa trajetória encontramos pessoas, mesmo de outras gerações que vão fazendo parte de nossa vida e isso é maravilhoso!
Cada amizade serve para nos amparar na nossa rede de suporte. É importante que sigamos fazendo amigos, sempre.
Quando conhecemos novas pessoas ,e nos integramos em novas bolhas, entramos em uma curadoria de interesses diferentes, o que só enriquece nossas vidas.
Chegar à longevidade com qualidade vincular, ocupadas, nos traz uma riqueza de conteúdo e coisas para compartilhar que nos faz cada vez mais interessantes.
Uma pessoa interessada é uma pessoa interessante.
Transitar por outros mundos é se alimentar de outras formas.
Descobrimos nossas outras personalidades ainda não vistas.
Dessa maneira, percebemos aquilo que não nos pertence mais e podemos fechar ciclos.
Lealdade é também fechar os ciclos.
Mas é importante ser leal para fechar ciclos, reconhecendo o bom que vivemos e reconhecendo a história.
Afinidades evoluem e, caso não evoluam, transitam para outros lugares.
Se um casal percebe que cada um gosta de um tipo de filme, mas o que importa é ir ao cinema e discutir o que viram juntos, não existe problema.
O importante é que ambos gostem de sair juntos e tenham um dialogo sobre essas diferenças.
Na maturidade a presença toma um outro espaço.
Erotismo tem a ver com a parte intelectual. A admiração, a conversa, a companhia, os hábitos, despertam o desejo.
Nessa fase vivemos uma outra forma de desejo e relacionamentos e não necessariamente estamos presas a uma escolha.
Temos mais liberdade e valorizamos a afinidade.
A solitude se torna prazerosa. Encontramos prazer em fazer o que queremos, na hora que quisermos, e quando.
Duro é estar sozinha estando com alguém.
A autonomia e ter espaços ganhos.
Quando os filhos voam temos a possibilidade de ganhar nossos espaços e devemos aproveitar essa fase.
Permita-se escolher.
Pensar o que vale a pena.
Entender que não somos escravas de nossas escolhas.
Muita gente sofre porque se acha desleal escolhendo, mas se o que escolhemos for comunicado, não há deslealdade, mas sim transparência.
Devemos fazer uma curadoria de nós mesmas para mudar, comunicar e transformar.
Isso significa abertura para a melhoria, descoberta de coisas novas que podem ate melhorar as relações já existentes.
Ao invés de ter bagagem, devemos ter milhagem.
Muita gente mantem uma vida social onde tem de se transformar em uma personagem. Quanto esforço requer fingir ser alguém que sabemos não ser mais!
Permita-se caminhar para descobrir coisas novas.
Buscar afinidades deveria ser um desafio anual.
Exercitar de forma ativa para ver o que faz sentido ou não.
O mundo é pobre no individual.
O coletivo é muito melhor.
Aumente seu núcleo e descubra cada vez mais quem você é!!!