O polêmico psicólogo canadense Jordan Peterson afirma que as pessoas que têm depressão costumam usar o pronome “eu” mais dos que as pessoas que não sofrem da doença. Segundo ele, isso não quer dizer que essas pessoas sejam egoístas, mas que muito provavelmente a cura pode estar na relação de ajuda a outras pessoas; tirar-se do foco.
Nessa semana, infelizmente, a maioria das pautas nas mídias foi sobre a morte precoce de João Paulo Diniz e a série Pacto Brutal, que conta a trágica história do assassinato de Daniela Perez.
O que isso tem a ver com o tema proposto?
Que se não formos capazes de ver o outro como espelho, com compaixão, muito provavelmente não iremos conseguir aprender muita coisa. Nosso ego, quando inflado, provoca doenças e o centro do mundo fica limitado em nós mesmos.
Pessoas que mantém o foco em si mesmas não estão dispostas a enxergar para além de suas próprias superfícies e, nos dias de hoje, encontram um cenário muito oportuno para manter-se nesse lugar devido à proliferação de ideias distorcidas do que é ser humano.
Para mim, humanidade significa relação com o outro, com nosso entorno.
No caso da morte de João Paulo, suscitou-se inúmeros posts que diziam como o esporte de alta performance pode prejudicar e até matar.
O foco foi na crítica, como se ele fosse o culpado pela própria morte.
Não é.
O cenário é de uma família destroçada e a pauta virou o lifestyle de João quando o que, na minha opinião deveria ser a dor de um pai que sofreu a perda de um filho, super saudável e ativo.
Na mesma proporção, vemos a dor de Gloria Perez e a abertura de fala para o assassino de sua filha.
Como podemos aprender com a dor do outro?
Vendo, escutando e enxergando essa dor.
Dor dói; ponto.
E quando um ser humano sente dor, o humano seria nos compadecermos com essa dor, sem julgamentos ou suposições.
Quando compreendemos a dor do outro, entendemos um pouco mais sobre nós mesmos.
Quando nos abrimos para enxergar que o outro sofre, muitas vezes mais do que nós mesmos, a nossa própria dor não necessariamente é minimizada, mas ela encontra o seu lugar que pode sair do protagonismo.
Sinto muito pelo João, pela Daniela, pelos pais que perderam filhos; a maior dor do mundo.
Aprendo com eles sobre o amor, a força do amor, e a importância desse sentimento que só agrega quando genuíno.
Aprendo que fazer o exercício de colocar-se no lugar do outro é tirar o foco de nós mesmos e isso faz o mundo muito maior.
O sofrimento do outro também é nosso, e vice-versa.
Todo sofrimento é parte da experiência humana e esse conceito nos faz seres melhores quando o compreendemos.